“Por isso hoje só você e eu enfrentamos o vazio da perda do sentido, e isso é insuportável. Na minha memória só ficou disso tudo a lembrança dos movimentos”.
O nosso trabalho parte da palavra como geradora da relação. Ainda que nem sempre por ela consigamos assimilar tudo, é necessariamente pela palavra que nos deparamos com a falta de sentido. Por isso tantos diálogos quebrados, por isso tantas perguntas sem respostas e tanto texto fluindo de modo “desesperado”.
O trabalho com a palavra surge então como meio de construir uma assimilação de tudo o que está sendo dito, mas também, com o intuito de libertar, de instrumentalizar os atores com estas mesmas palavras. Para que os discursos dos personagens confundam-se com o depoimento dos atores, para que ganhem um tom de representação e de espontaneidade. Para que as palavras possam ser lembradas no instante em que são ditas. Para que pareça que a invenção acontece ali, naquele instante em que é dita.
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