Não Dois já está tão pronto em mim, que esta retomada pressupõe o total afastamento de tudo já conquistado.
Não vamos pelos mesmos caminhos, nem pelas mesmas escolhas, mas ao mesmo tempo, estamos livres a deixar que o mesmo se manifeste novamente. É possível. Ainda conservo em mim - fortemente - a ambiguidade do horror e do afeto. Esta dramaturgia de Eduardo Pavlovsky me presenteia com a inconstância do ser humano que oscila e oscila, sem saber se ama ou odeia. Esta complexidade, creio eu, sustenta o drama e dá sentido ao seu desbravar.
O cenário, os figurinos, a concepção. Estou disposto a perder tudo, desde que em seus lugares se anuncie a nossa nova expressão. Precisão. Não Dois talvez ainda seja um exercício de rigor e escuta, de encaixe, mais do que nunca. Um novo ator, Andrêas Gatto. Uma mesma e nova atriz, Natássia Vello. Não sabemos que tipo de engrenagem eles são capazes de construir, mas vamos testar. Vamos testar.
É um projeto pequeno, sabe? Não me assusta por nada, exceto por isso: é precioso demais, perigoso demais. Pode machucar. E fazer colar. Vamos com calma. Vamos começar. Vamos começando.