eu aqui me perguntando qual seria o tipo de dramaturgia de não dois. é só porque nos outros espetáculos do teatro inominável, nossa investigação vai burilando um tipo específico de dramaturgia, mesmo que inventada, que parece sustentar o projeto. em miranda, nosso segundo espetáculo, estamos espreitando uma dramaturgia chamada de dramaturgia do acontecimento. em dragão, nosso terceiro espetáculo, buscamos uma dramaturgia da situação. e em sinfonia sonho, última peça criada, poderia dizer que investigamos uma dramatorgia.
mas e em não dois? o que é neste trabalho que se esconde dentro dele próprio e que não nos deixa percebê-lo? acontecimento e situação. nas outras peças. e nesta? eu começo a intuir, talvez, não sei, mas há algo que tange à imobilidade. não dois seria um drama estático a partir do momento que já acontecido. eu quero dizer, o diálogo entre ele e ela parece não ser presente. parece que eles estão o tempo todo falando sobre algo já ido, já acontecido. algo imóvel, posto fora do tempo e do espaço. tem uma fantasmagoria que me interessa, tem a tal da assepsia.
é inevitável não reencontrar certas palavras, certas opiniões já percorridas na montagem original. não há interesse direto em se afastar, o interesse agora é basicamente responder - novamente - com sinceridade, aos convites que o texto de eduardo pavlovsky (paso de dos) poderá nos fazer quando reunidos estivermos ao seu redor.
deixo uma colagem de falas da personagem ela - Eu pergunto se haveria algum tipo de convicção, pelo menos nos primeiros tempos, quando nos conhecemos, nos começos. Ideias, simplesmente ideias. Pelo menos para distinguir o verdadeiro do falso. Para saber se o que você fazia tinha algum sentido, por exemplo.
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