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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
domingo, 24 de fevereiro de 2013
lembro que não tinha som ---
e no entanto, os corpos iam. dançavam, giravam, se batiam e se debatiam e de novo se colavam. mesmo distantes, os corpos dos atores se precisavam, se pediam e se machucavam. existe algo nessa dramaturgia que clama à necessidade de um ao outro. é uma cola, é invisível, mas puxa, prende e machuca. é uma fixação que não ouve, que só fala, que só grita e cospe e sacode. necessidade e fixação. fixação é algo tão morto. tão fadado ao descontentamento. lembro que não tinha trilha sonora a nossa montagem de paso de dos, mas que no entanto dançavam os dois atores. eles dançavam o vazio do silêncio.
e agora, josé? eu sei lá, eu sei lá. talvez quisesse que desse vez a dança estivesse mais presente. mas sei que isso é papo, porque não preciso ter dança para dizer teatro-dança. não preciso ter aula de dança contemporânea para mexer os corpos em cena. existe uma coisa que se chama não intencionar. talvez essa seja a principal ferramenta conquistada como diretor em alguns anos de experiência junto ao teatro inominável. sem exceder dentes, como costumo dizer, é preciso deixar que se aflore as vontades, os desejos e as manifestações de afeto. o projeto vai se dizendo e se moldando, desde que se escute sua fome.
por isso, a coisa de dançar é preciso deixar solta, perdida, sem dar a devida atenção. com o tempo, a dança vem e fica. a coisa vem e se crava. sem anteceder desejos, uma peça de teatro é menos vontade e mais contexto. eu aqui me espremendo - de leve - para, aos poucos, voltar aos projetos já feitos, mas como fênix, renascendo das cinzas. não dois. em breve, daqui a pouco, já já.
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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
poema verbal ---
eu aqui me perguntando qual seria o tipo de dramaturgia de não dois. é só porque nos outros espetáculos do teatro inominável, nossa investigação vai burilando um tipo específico de dramaturgia, mesmo que inventada, que parece sustentar o projeto. em miranda, nosso segundo espetáculo, estamos espreitando uma dramaturgia chamada de dramaturgia do acontecimento. em dragão, nosso terceiro espetáculo, buscamos uma dramaturgia da situação. e em sinfonia sonho, última peça criada, poderia dizer que investigamos uma dramatorgia.
mas e em não dois? o que é neste trabalho que se esconde dentro dele próprio e que não nos deixa percebê-lo? acontecimento e situação. nas outras peças. e nesta? eu começo a intuir, talvez, não sei, mas há algo que tange à imobilidade. não dois seria um drama estático a partir do momento que já acontecido. eu quero dizer, o diálogo entre ele e ela parece não ser presente. parece que eles estão o tempo todo falando sobre algo já ido, já acontecido. algo imóvel, posto fora do tempo e do espaço. tem uma fantasmagoria que me interessa, tem a tal da assepsia.
é inevitável não reencontrar certas palavras, certas opiniões já percorridas na montagem original. não há interesse direto em se afastar, o interesse agora é basicamente responder - novamente - com sinceridade, aos convites que o texto de eduardo pavlovsky (paso de dos) poderá nos fazer quando reunidos estivermos ao seu redor.
deixo uma colagem de falas da personagem ela - Eu pergunto se haveria algum tipo de convicção, pelo menos nos primeiros tempos, quando nos conhecemos, nos começos. Ideias, simplesmente ideias. Pelo menos para distinguir o verdadeiro do falso. Para saber se o que você fazia tinha algum sentido, por exemplo.
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