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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

# 2

21 de agosto de 2009 - UNIRIO - Sala 200 - 10h/14h
dan marins, diogo liberano, jéssica baasch e natássia vello


. encontro como convite à obsessão: exposição do diário (rotina de pesquisas...), referências (cinema, teatro, literatura...) e idéias (vislumbres de encenação...);

. leitura da peça - foco: roubar o texto um do outro, mas mantendo a leitura constante, sem silêncio - sobreposição de falas, algo de coro e corifeu, respiração que se esgota e pede para ter a fala roubada, palavras no meio da frase abandonadas, história compartilhada nada parece ser exclusivo de um ser só, são os dois donos daquele destino - duração: 19 minutos;

. leitura pelo espaço - foco: soltos no espaço, os atores deveriam administrar as lógicas envolvendo espaço e tempo (ocupação espacial, relação de proximidade e afastamento dos corpos, ritmo, duração, pausas, repetição...) - outra dinâmica proposta: a leitura do texto deveria ser feita inversamente, ou seja, a última fala seria a primeira, a penúltima a segunda e por aí seguimos, até chegar ao final da leitura (com o término da primeira fala do texto original);
DURANTE ESTA SEGUNDA LEITURA surgiram lógicas interessantes de aproximação e afastamento entre os atores, principalmente. Esboçaram-se com mais força alguns estados apenas sugeridos pelo texto. Os atores usaram duas cadeiras, uma das quais de súbito cedeu ao peso dos dois e se espatifou inteira. Nesse momento, o Dan falou "A CADEIRA IA QUEBRAR UM DIA". Essa primeira abordagem tridimensional do texto trouxe de imediato uma relação de violência, quase uma briga mais sinistra de casal.
. trabalho com composições - foi pedido aos atores que fizessem individualmente cada um uma composição. as dinâmicas que deveriam ser obrigatórias foram:
- usar um trecho de algum dos livros;
- proposição concreta de uma lógica espacial;
- um embate entre alguma dualidade;
- do embate, uma nova possibilidade;
- ser obsessivo em algum momento.

A composição dos dois atores foi muito distinta. NATÁSSIA apostou num trabalho mais subjetivo. Sua proposta partia de um arena invertida, dentro da qual ela estava presa, tentando sair mas sendo lançada para dentro. Alguns gestos foram extraídos do livro de imagens do espetáculo italiano "HEY GIRL!", bem como algumas frases que foram traduzidas, como "o que tem dentro de um nome?". Uma nova possibilidade gerada pelo embate (dentro/fora) foi a presença no limite entre estar dentro ou fora. Com isso, uma proximidade corporal da atriz ao público sugere como alternativa ao dual, a existência no limite. Ou seria o "entre"? Também me sugeriu que a sobrevida (pensando-se esta como alternativa ao embate dual entre vida e morte) é o espaço do público. É estar entre a cena e o bastidor. Já a composição de DAN colocou duas cadeiras encostadas numa parede. O ator se fez passar por um interrogador e duas pessoas (DIOGO e JÉSSICA) permaneceram sentadas. Demorei para perceber que ele se tratava de um interrogador. DAN estava especialmente amigável em sua fala para nós, sugeriu uma conversa de amigos e só depois (com o acréscimo de algumas manifestações de violência) esta veio a sugerir e assegurar a existência de um violento interrogador. A obsessão era visível.
. o ensaio, acredito, funcionou como um convite à obsessão. atingimos novos territórios em relação ao texto (seria tudo uma invenção dele?) e passamos por todos os que já passaram por MIM e pela JÉSSICA desde o início deste processo.
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