terça-feira, 16 de julho de 2013
sede inominável - 13h/16h
adassa martins, andrêas gatto, bruno marcos, diogo liberano e natássia vello
engraçado. neste segundo encontro não fizemos leitura da peça, no entanto, por conta do papo, das coisas ditas, voltamos inúmeras vezes ao texto. movidos por lembranças de falas, esquecimentos de trechos, linhas decoradas e explodidas no ímpeto de dizer o que se pretendia dizer.
hoje foi especial porque sem afobação, eu fui dizendo o que tinha sido o processo para chegar a alguma compreensão do texto. como disse aos meninos, demandou muito tempo de leitura, de pesquisa (tudo registrado nesse blog). e assim, confesso, percebi que o que já temos de compreensão não muda. apenas serve para aprofundarmos ainda mais a nossa ousadia deste agora. ir mais fundo, mais longe, ser mais categoricamente claro na proposta, na escrita.
bruno falou da diferença entre cristalizar e clarificar. é isso, bruno. clarear, deixar claro, transparente, possível a uma arena. possível de ser visto por todos os lados. eu falei do desenho do cenário - que eu assino/assinarei. falei da área quadrangular; medimos algo entre 4m² e 3m². algo entre isso (digo, largura e comprimento). uma área de no mínimo 9m² e de no máximo 16m².
falei do blindex. do chão de vidro. sobre o qual resta a estortura. falamos do filme o último tango em paris, que foi o que me fez sentar e começar a escrever sobre não dois, em dezembro de 2008, quando nasceu - ainda sem saber - o teatro inominável. falamos sobre o realismo capitalista. sobre o artigo do thomas ostermeier (leia aqui) que, ao falar de um teatro contemporâneo (como em muitos casos é o nosso, carioca), diz:
A poetologia desse teatro baseia-se na ideia de que a ação dramática não é mais de nossa época; que o homem não poderia se compreender como mestre de suas ações; que existem tantas verdades subjetivas quanto o número de espectadores presentes; que os acontecimentos representados no palco não exprimem nenhuma verdade válida para todos; que nossa experiência fragmentada do mundo somente encontra sua tradução num teatro fracionado, em que os gêneros se justaponham: corpo, dança, fotos, vídeos, música, palavra... Essa imbricação sensorial assegura ao espectador que este mundo caótico permanecerá para sempre indecifrável e que não há espaço para procurar ligações de causalidade ou culpados.
essa citação chama atenção para um desejo inédito: encontrar culpados. levantar dedos. apontar. acusar. não mais ser imparcial. saber ser parcial, com provas, com sentido e lógica, com opinião, oferecer ao espectador um olhar (para que, mesmo discordando, ele também possa pensar/ser a sua opinião sobre o mundo).
sobretudo, me parece importante frisar a noção de sobrevivência (leiam esta postagem, de 24 de outubro de 2009). sobre como ele, ao perdê-la, se perde. e sobre como ela, ao se deixar morrer, também se perde para sempre. do esforço de sobreviver, de durar.
é, mais uma vez, mandar ver no presente agora. que prazer é estar imerso em criação (de outro mundo).