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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Efeito Kuleshov

Justaposição de planos com o poder de criar uma nova significação, inexistente nos planos isolados. O termo foi criado a partir de um experimento do cineasta russo Lev Kuleshov (1899-1970) em que um mesmo plano de um ator (Mosjoukine) com expressão neutra era alternado com planos carregados de diferentes significações afetivas (criança = "ternura"; mulher num caixão = "tristeza"; prato de sopa = "apetite"), que "contaminavam" a interpretação dos espectadores, fazendo-os acreditar que sua expressão havia mudado. O poder do Efeito Kuleshov foi bastante superestimado nas décadas de 20 e 30 em função da valorização da montagem em detrimento de outros elementos da linguagem cinematográfica por parte de outros teóricos e cineastas russos como Sergei Eisenstein e Dziga Vertov.

Kuleshov montou um grande plano expressivo do rosto do actor Mosjoukine com outro mostrando um prato de sopa; depois montou o mesmo plano do rosto do actor com um outro mostrando um caixão de criança; montou ainda um terceiro conjunto com o mesmo plano da cara do actor e um outro de uma mulher seminua em pose provocante. Projectou então o conjunto final perante uma audiência, sendo unânime a opinião de que Mosjoukine era um óptimo actor, dado que expressava de um modo magnífico os sentimentos de fome (plano do prato de sopa), dor (plano do caixão de criança) e de desejo (plano da mulher seminua). Kuleshov provava assim que o significado de uma sequência pode depender tão somente da relação subjectiva que cada espectador estabelece entre imagens ou planos que, parcelarmente, não possuem qualquer significação.

O Efeito Kulechov consistiu em demonstrar o poder da montagem cinematográfica, na medida em que esta era plenamente capaz de conseguir dar significados a uma tomada pela justaposição com uma outra, quando, a primeira, pura e simplesmente, não significaria nada.
Para isto o teórico elaborou o Experimento (ou Experiência) Kulechov, filmando uma tomada do ator e ídolo da matinê tsarista, Ivan Mozjukhin, e, repetidas vezes, intercalando-a com imagens diferentes. Entre elas uma moça, um prato de sopa e o caixão de uma mulher... O resultado foi exatamente o esperado. Um depoimento de Pudovkin dá a idéia de como a experiência deu certo. Ele descreveu a reação do público "impressionado pela atuação... A fome aparente ao ver o prato de sopa; sua seriedade e tristeza em relação à mulher morta; e sua reflexão ao ver a moça". Mas na verdade, o ator aparecia sempre na mesma tomada, feita com total neutralidade e falta de expressão.