ELE Não tem razão de ser, não faz sentido.
No momento oportuno você a assobiava.
Pensei que poderia ser o começo de alguma coisa entre você
e eu
como um aviso que insinuava algum próximo encontro
pensava que o assobio podia corresponder a algum estímulo e
que talvez cansada de você mesma, de teu Silêncio, você começasse a assobiar
como uma forma primitiva de diálogo.
Lembro minhas esperanças, minhas promessas, minhas expectativas.
Você continuava assobiando, sempre me olhando nos olhos,
nunca deixou de me olhar
você começava a fazê-lo com mais força, com mais ritmo até
que parou em uma longa pausa. Eu, tremendo, perguntei se você queria dizer algo
e você não respondeu, te ofereci um cigarro, acho que já aceso, esperava algum
gesto mínimo de reconhecimento, alguma coisa que me permitisse intuir seu
possível interesse, como uma trégua
minha mão e o cigarro ficaram no ar
você não respondeu nem pegou o cigarro e continuou assobiando
enquanto seus olhos me seguiam, apaguei o cigarro e pensei
que talvez não tinha chegado ainda a oportunidade do nosso encontro