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domingo, 15 de novembro de 2009

20 de maio de 2009.

Rio, 20 de maio de 2009.

Não consegui marcar uma leitura com os atores. O Andrêas está com problemas sérios de horário. Nem estou prevendo os horários do próximo semestre. Seria problematizar algo antes de sua hora.

Os encontros com a Jéssica agora se tornaram periódicos. Ontem nos encontramos e na próxima terça também nos encontraremos, sempre de 20h30 às 22h, na ECO.

O que conversamos ontem foi basicamente a noção de horror e afeto que Pavlovsky insinua com seu texto. Falar de horror é ser específico com a tortura. E falar de afeto é ser específico ao se falar de amor. A peça pode ser compreendida com essas duas leituras. Ela é ambígua, por isso não há campo de ação delimitado porque o fechar num desses campos assassina a possibilidade do outro. Assim, coexiste naqueles seres o amor e o ódio, a violência e o afeto. Essa ambigüidade dá o texto, ela o sustenta e dela não quero me desprender porque ela desenha bem como somos nós, seres humanos, esse produto do diverso.

Para além dessas duas leituras possíveis e complementares para a peça – digo complementares pois quando uma falha a outra se faz entendível -, há um terceiro dado que é também uma leitura da peça e que é determinante:
Ela está morta. Ela foi morta por ele. A peça começa segundos após a morte ter sido consumada. Não se sabe se ele percebe isso de imediato ou se vai perceber ali na frente. Não se sabe ainda. Mas ela morreu, foi por ele assassinada. Por isso toda a movimentação desesperada dele no início. Mas do que se responsabilizar pelo assassinato dela, por sua morte, ele sofre e sente pelo vazio no qual se lançou. Ele não a tem mais. Seu corpo não responde aos seus socos. Ele está morto. O corpo. E morta ela, ele enlouquece. É claro que ela está morta, ela diz Não vou falar. Vou ficar em Silêncio. É óbvio que vai ficar em silêncio porque ela não pode falar, porque ela está morta.
Para o próximo encontro de terça, eu e Jéssica levaremos a nossa leitura da peça tendo marcado em quais trechos ela pode ser lida como HORROR ou como AFETO. E pensaremos também a questão de ela estar morta. Para que isso? Para que tenhamos levantado onde a nossa leitura não se justifique, para que a gente feche um entendimento, uma LEITURA POSSÍVEL DE SER LIDA (POR NÓS, PELO ESPECTADOR).

Somente após esses entendimentos é que poderemos pensar plasticamente. A noção estética vem como ferramenta tradutora, é ela – a estética – que dirá certas coisas que determinaremos, é preciso dizer isto por meio disto.

E por último, à Jéssica também lancei a noção de ataque aos inconscientes coletivos. Aquilo que Grotowski tanto fala e que eu me apropriei para este trabalho.

Vamos indo que... (Sem ditados populares, please).
>> Saí do processo de Anatomia Comparada. Só para compartilhar.
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