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domingo, 1 de novembro de 2009

29 de dezembro de 2008.

Vassouras, 29 de dezembro de 2008.

Eu poderia dizer que está cedo para escrever e pensar sobre esta peça. Mas eu estou pensando, inevitavelmente, então é preciso dar seguimento às idéias. Esta será a minha montagem de Direção V, porém, mais do que isso quero que seja a minha próxima direção. A ousadia e a pretensão vêm a favor do trabalho. Não ousadia em quebrar convenções e linguagens, nem pretensão no sentido de querer ser algo, mas ambos no sentido de avanço dentro do meu trabalho como diretor, como estudante de teatro.

As idéias vêm vindo. Preciso dispô-las aqui. Começo o ano procurando as principais referências, as obras que me inspiram. Preciso encontrar estes lugares de fuga justamente para poder voltar - com novo olhar - sobre o mesmo. As referências são espaços de oxigenação do projeto. Comecemos, pois, com o filme obra-prima de Bernardo Bertolucci. Last Tango in Paris, traz uma relação que imediatamente me lembrou o texto de Pavlovsky. Serei conciso:

. O título abre espaço para uma última alternativa. Como se fosse possível por apenas mais uma vez - a última - dançar ouvir ou ver um tango em Paris. Esse fato - o da inevitabilidade diante do fim - me interessa muito;

. O fato de ser o tango - dança conhecida pelo exalar de sensualidade e ágeis movimentos - tem relação com o balé. Não por semelhanças ou mesmo diferenças, mas porque partem do universo da dança;

. Sem dúvida, a questão do nome. No filme, Marlon Brando não quer ouvir falar de nomes, nem mesmo saber nada que ultrapasse o apartamento no qual se encontra com a jovem. Na peça, absolutamente ao contrário, tudo o que o personagem masculino deseja é que a mulher fale o seu nome. O reconhecimento é o necessário. No filme, é com o reconhecimento que as coisas ruem;

. Interessante que o sofrimento d’Ele (Marlon Brando) é visível a partir do suicídio da mulher. Essa questão, do suicídio, também pode estar inserida em PDD.

Enfim, são muitas questões. Essa é a minha primeira referência, ainda não toda digerida. O filme tem momentos belíssimos e outros que quebram com essa estrutura maravilhosa de enquadramentos, atuações e movimentos/ações. Mas essa quebra é importante. É banal, por isso é importante. A cena do chiclete, antes da morte, é essencial para que o personagem não caia no lugar que ele sequer perpassa durante o filme. Como definir esse lugar? Não importa agora, não importa ainda.

Um bom começo. Que seja um excelente processo. Ainda não sei nada sobre os atores.
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